Nos últimos anos, o Porto do Itaqui tem apresentado um crescimento expressivo no volume de fertilizantes importados. Mas além do aumento em tonelagem, o que realmente chama a atenção é a evolução no porte dos navios envolvidos nessas operações, um movimento estratégico que reposiciona a logística do agro na região Norte e Nordeste do Brasil.
Fertilizantes chegando em navios cada vez maiores
Somando as escalas já realizadas e as previstas, o Itaqui receberá cerca de 70 navios com fertilizantes no primeiro semestre de 2025. O destaque vai para o aumento de embarcações do tipo Panamax, o que representa uma mudança relevante no padrão operacional do porto.

Gráfico 1 – Classificação de navios por porte.
Essa movimentação representa um total próximo de 2,5 milhões de toneladas, com predominância das famílias de fertilizantes fosfatados, nitrogenados e potássicos, insumos essenciais à produtividade agrícola brasileira.
Um fluxo global de fertilizantes
Os fertilizantes que chegam ao Itaqui vêm de origens diversas, o que comprova a integração do porto às principais rotas marítimas internacionais. Dentre os países de origem estão:
🇩🇿 Argélia | 🇨🇦 Canadá | 🇨🇳 China | 🇪🇬 Egito | 🇩🇪 Alemanha 🇮🇳 Índia | 🇮🇱 Israel | 🇲🇦 Marrocos | 🇳🇱 Holanda | 🇴🇲 Om
🇵🇪 Peru | 🇷🇺 Rússia | 🇪🇸 Espanha | 🇺🇸 EUA | 🇻🇳 Vietnã
Por que isso importa?
A mudança no porte dos navios traz impactos diretos e indiretos para toda a cadeia logística portuária e agroindustrial:
Entre os benefícios operacionais, destacam-se:
- Maior volume transportado por navio, reduzindo o custo por tonelada
- Menos escalas para o mesmo volume, otimizando tempo e recursos
- Eficiência no uso do terminal, quando bem planejada
Mas há também pontos de atenção:
- Readequação de infraestrutura para atracação e descarga
- Necessidade de planejamento logístico terrestre mais robusto
- Possíveis gargalos em picos de sazonalidade
Uma transformação que eleva o protagonismo do Porto do Itaqui
A evolução no porte dos navios que operam fertilizantes no Itaqui não é um fenômeno isolado, ela faz parte de um movimento mais amplo de modernização e reposicionamento logístico do Brasil, com destaque para portos estratégicos como o Itaqui, que vem ganhando protagonismo no abastecimento de insumos agrícolas.
O crescimento na presença de embarcações do tipo Panamax sinaliza a maturidade da estrutura logística portuária da região Norte, refletindo maior eficiência, escala e atratividade para as rotas internacionais. Esse avanço representa uma vantagem competitiva relevante para o MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e áreas adjacentes, consolidando o Itaqui como porta de entrada estratégica para o agro brasileiro.
Hoje, o porto conta com três berços operacionais para granéis sólidos que comportam navios de maior porte, como Panamax e Kamsarmax:
- Berço 99: prioritariamente destinado ao embarque de celulose
- Berço 100 e 103: prioritariamente voltados ao escoamento de grãos
Assim, outros tipos de granéis, como fertilizantes, são operados em janelas operacionais específicas, especialmente durante os períodos de entressafra da soja, o que exige planejamento e flexibilidade por parte dos envolvidos na cadeia logística.
Para acompanhar essa tendência e ampliar sua capacidade, o Porto do Itaqui já avança na construção do Berço 98, que será capaz de receber navios com calados ainda maiores. A inauguração está prevista para 2027, mas há expectativa de antecipação para o segundo semestre de 2026.
Essa nova estrutura deverá desafogar os berços existentes, ampliar a oferta de janelas operacionais e tornar o Itaqui ainda mais competitivo, alinhando-se à crescente demanda do agronegócio nacional e internacional.
E você, como enxerga essa transformação?
A consolidação de navios de maior porte no Itaqui representa um avanço estratégico, mas também traz novos desafios para todos os elos da cadeia.
Quais são, na sua visão, os impactos mais relevantes dessa mudança?
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